Depois de dias de trocas de foguetes e mísseis entre Israel e o Hezbollah, nesta terça-feira, 1º, o confronto tomou um rumo ainda mais ameaçador, de duas maneiras: o Irã lançou ataques diretos de mísseis contra Israel, enquanto Israel desencadeou uma invasão terrestre do Líbano. A guerra regional completa, que muitos temiam desde os ataques de 7 de outubro de 2023, agora parece mais próxima do que nunca. Uma possibilidade é que Israel agora responda com ataques aéreos ao Irã, talvez mirando as instalações usadas para seu programa nuclear, uma missão de alto risco que Israel vem planejando há duas décadas.
Os ataques de mísseis do Irã começaram na noite de 1º de outubro, após avisos do governo americano e das autoridades israelenses. Em Tel Aviv e Jerusalém, as pessoas se aglomeraram em abrigos. O ataque de mísseis anterior do Irã em abril, envolvendo mais de 300 projéteis, falhou, pois foram interceptados por sistemas de defesa aérea e aviões de guerra americanos e israelenses. Tanto Israel quanto os Estados Unidos confirmaram que o Irã havia disparado cerca de 200 mísseis balísticos dessa vez, e que não houve relatos de mortes em Israel. “Com base no que sabemos neste momento, este ataque parece ter sido derrotado”, disse Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional do presidenta americano Joe Biden.
Ainda assim, o ataque iraniano tem um significado que vai muito além das possíveis baixas israelenses. Muitos dentro do establishment político e de segurança de Israel acreditam que há um momento para transformar o quadro estratégico na região, dada a fraqueza dos representantes do Irã. É até possível que o assassinato de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, junto com um general iraniano sênior, em Beirute em 27 de setembro, tenha sido projetado para provocar o Irã, atraindo-o para uma armadilha estratégica. De qualquer forma, o ataque iraniano, eles argumentam, dá a Israel a justificativa para lidar com a ameaça nuclear do Irã.
A chave para essa avaliação é que o cálculo melhorou para Israel. Um elemento do ataque fracassado do Irã em abril é que ele revelou suas vulnerabilidades. Israel escolheu evitar uma retaliação em larga escala, mas três dias depois destruiu um radar de defesa aérea iraniano importante. Isso agora está sendo visto como evidência de que as defesas do Irã são vulneráveis à força aérea israelense. Enquanto isso, um argumento de longa data contra um ataque era que o Irã responderia pressionando o Hezbollah a atirar em Israel. Agora, com o Hezbollah cambaleando e Israel já em pé de guerra, isso parece ser um problema menor.
Binyamin Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel, tentou e falhou em convencer os generais israelenses do valor estratégico de um ataque ao Irã. Hoje, ele pode tê-los persuadido de seus méritos. Os falcões israelenses também acreditam que Biden, perto do fim de seu mandato, dará seu apoio e talvez até mesmo se juntará a uma campanha que pode degradar severamente o programa nuclear do Irã e prejudicar a posição dos teocratas e militares durões que lideram o regime impopular da República Islâmica.
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