
Damasco foi tomada por rebeldes neste domingo, 8, colocando fim a mais de 50 anos de um regime que arrasou a Síria. Apesar da incerteza quanto ao novo regime instalado pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), especialistas acreditam que, para buscar um reconhecimento da comunidade internacional, os líderes devem adotar uma postura mais moderada – ou menos autoritária – em relação à ditadura de Bashar Assad, mas que ainda deve ser vista com cautela.
Enquanto os rebeldes se aproximavam da capital, o presidente Assad saiu do país antes de as forças militares abandonarem os postos com a invasão, deixando a sede do governo para trás.
Mas a transição de poder não significa que a Síria esteja livre dos problemas que assolam o país. Para o professor de relações internacionais Roberto Uebel, da ESPM, é preciso ver com cuidado qualquer ação que os novos líderes possam tomar daqui pra frente.
“Quem hoje toma o poder também é uma figura que, não necessariamente, é muito afeita à democracia. É preciso observar com cautela se de fato o Hayat Tahrir al-Sham vai permitir a realização de eleições na Síria agora, nas próximas semanas ou nos próximos meses. Mas, de fato, é o fim da ditadura de Assad”, explicou Uebel ao Estadão.
Apesar disso, a abertura a negociações com potências da região, como Arábia Saudita e Turquia, pode acontecer, principalmente de olho no enfraquecimento do Irã e uma possível diminuição da instabilidade no país, que faz fronteira com algumas das nações mais tumultuadas do Oriente Médio.
“Mohamad Al-Golani, líder do Hayat Tahrir al-Sham, está fazendo um discurso absolutamente moderado. Ele está abandonando o turbante jihadista, está usando o uniforme militar, ele está se apresentando tanto em Alepo, como em Homs, como em Damasco, com líderes cristãos ao lado. Em outras palavras, falando que vai ter tolerância religiosa. Isso no contexto sírio é fundamental”, afirmou Leonardo Trevisan, professor de relações internacionais da ESPM.
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