Imagens da queda do avião, que mostram a aeronave caindo em um giro vertical, posição chamada de “parafuso chato” no meio da aviação, é o principal indicativo de que o acidente ocorreu devido a uma perda de sustentação, o “estol”. Segundo especialistas, a perda de sustentação da aeronave pode estar associada à formação de gelo nas asas do avião, mas só a investigação será capaz de dar a resposta.
“Toda vez que cai assim é porque a asa perdeu a sustentação. Se os comandos não estivessem travados pelo gelo, ele poderia recuperar. Mas, mesmo assim, em uma queda nessa posição e dependendo do acúmulo de gelo, talvez até um piloto com muita experiência em acrobacia teria dificuldade em sair”, explica Laert Gouvêa, diretor do Instituto Brasileiro de Segurança na Aviação.
Ele explica que o modelo ATR-72 voa em um nível intermediário de altura, o que facilita a formação de gelo sobretudo quando há frentes frias. Conforme o especialista, a formação de gelo ocorre em média a uma altura entre 14 mil pés e 24 mil pés.
“Já houve outros acidentes por causa de gelo com esse modelo de avião. Esse tipo de avião voa num nível mais propenso à formação de gelo. São níveis intermediários (de altura). Nesse nível, tem grãos de gelo muito grandes, isso tanto pode danificar o avião como pode formar um gelo que gruda na aeronave. Quando ele gruda no perfil da asa, ela perde a sustentação. Também pode grudar na hélice e fazer com que ela perca rendimento”, afirma Gouvêa.
Segundo ele, o controle de voo estava alertando os pilotos nesta sexta-feira. “Hoje era um dia atípico com muita formação de gelo em função dessa frente fria de inverno, que é pior”, diz o especialista.